Um
datashow apenas projeta imagens em um anteparo, mas tem a
vantagem de usar a tecnologia digital. Com essa tecnologia podemos projetar
imagens estáticas ou em movimento e, além disso, podemos sincronizar a projeção
da imagem com uma trilha sonora emitida por algum outro aparelho. Resumindo:
tudo aquilo que podemos visualizar em uma tela de um computador pode ser também
projetado por um datashow. E isso nos permite uma
flexibilidade de uso incrível.
Para
usar o datashow é preciso, além dele próprio, de uma fonte de
imagens digitais. A forma mais eficaz de se obter essa fonte, consiste em ter
um computador ligado ao datashow. E, muito embora qualquer
computador sirva, inclusive os de modelo desktop (computadores
de mesa), é muito conveniente que se use um notebook.
Além do par notebook
+ datashow, se você pretende usar uma
trilha sonora, será preciso ter um aparelho capaz de amplificar o som do notebook
(uma caixa de som amplificada) para que a classe toda possa ouvir. Há
no mercado mini-caixas acústicas muito baratas e suficientemente boas para
atender essa necessidade.
Transportar esse kit, datashow
+ notebook + som, para a sala de aula,
não é difícil e, pode (e deve) ser feito pelo próprio professor. Montar o kit também
é fácil e não requer mais do que três minutos. Basta conectar o cabo de vídeo
entre o datashow e o notebook, conectar o
cabo do som à saída de som do notebook e então
conectar os cabos de energia dos dois aparelhos à tomada.
É claro que já existe no mercado minidatashows
que cabem na palma da mão e que possuem som e memória de
armazenamento para dados. Ou seja, já temos aparelhos que dispensam o notebook
e as caixas de som, além de poderem ser ligados ao celular, a um iPad, um
tablet, enfim, a qualquer coisa que forneça dados digitais.
No entanto, esses aparelhos ainda são
muito caros ou bastante limitados em termos de potência. Talvez em alguns meses
já tenhamos aparelhos bem melhores e com mais funcionalidades por preços
acessíveis e com melhor qualidade.
Seja lá qual for o kit que
você disponha, o foco desse artigo é o que vem a seguir: o uso pedagógico do datashow.
Requisitos “do
ambiente” para usar o datashow
1 – Definindo o local de projeção
das imagens
Muitas pessoas imaginam que seja
preciso ter uma “sala especial”, com telão e sistema de som, além de um local
“fixo” para o datashow. Porém, nada disso é
necessário. O telão pode ser substituído por qualquer parede clara da própria
sala de aula, preferencialmente uma parede branca. O melhor ajuste da imagem
projetada se obtém aproximando ou afastando o datashow dessa
parede e ajustando o foco manualmente no próprio aparelho. Esse ajuste pode
tomar como parâmetros dois fatores: tamanho e qualidade da imagem. Quanto menor
o tamanho da imagem, mais brilhante e definida ela é e, quanto maior, mais
atenuada e menos nítida ela se parece. Além disso, se a imagem for muito
pequena ou muito grande ela poderá não ser suficientemente visível para todos
os alunos da classe.
2 – Definindo a luminosidade
Como a imagem projetada no anteparo
(parede, telão, lousa, etc.) concorrerá com a luz de fundo do ambiente, o ideal
é deixar o ambiente em situação de penumbra. Um ambiente muito escuro dispersa
os alunos e dificulta a observação do professor, além de dificultar que o aluno
possa fazer anotações em seu caderno durante a atividade. Um ambiente claro
demais dificultará a visualização das imagens projetadas. O meio termo é a
situação que permite que qualquer aluno enxergue bem o seu caderno, que o
professor enxergue bem todos os seus alunos e que todos na sala enxerguem bem
as imagens projetadas. Em salas com pouca penumbra procure reduzir o tamanho da
imagem projetada para que ela fique mais nítida e brilhante.
3 – Definindo as condições
acústicas
Se sua atividade requer o uso de sons,
procure apontar as caixas acústicas para os cantos da parede oposta onde estão
o projetor e as caixas de som. Use caixas amplificadas, ainda que sejam “mini
caixas”, e negocie anteriormente com os alunos as condições de silêncio durante
a apresentação. Se o local tiver muito ruído de fundo vindo das demais salas,
procure manter portas e janelas fechadas durante a apresentação.
Requisitos pedagógicos
para usar o datashow
Como qualquer recurso pedagógico
“tradicional” que já usamos em nossas aulas e atividades, o uso do datashow
envolve objetivos, planejamento, estratégias didáticas e
avaliações. Para usá-lo é preciso ter:
Um
objetivo pedagógico claro: O
que você quer que o aluno aprenda com essa aula? Que habilidades e competências
serão trabalhadas?
Uma
justificativa didática:
Porque o datashow vai possibilitar um melhor aprendizado em relação
aos recursos “tradicionais”? Qual é o ganho didático?
Um
planejamento do uso: Quanto
tempo vai durar a atividade? O que será mostrado, e de que maneira farei isso?
Como vou conduzir a atividade?
Uma
avaliação da aprendizagem e do uso do recurso: Como vou avaliar os resultados da aprendizagem
dos alunos? Como saberei se o uso do datashow foi
realmente mais eficiente do que os métodos “tradicionais”?
Os objetivos pedagógicos podem ser os
mais variados e geralmente estão relacionados aos “conteúdos” ou, melhor
dizendo, às competências e habilidades que serão trabalhadas. Teoricamente todo professor é capaz de
ter esses objetivos claros antes de realizar qualquer atividade.
A justificativa didática para o uso do
datashow pode não ser “tão óbvia” quanto o objetivo
pedagógico, pois escolher o uso do datashow, em
detrimento de outros recursos “tradicionais”, envolve um certo conhecimento
sobre as novas possibilidades que as TICs nos oferecem.
O planejamento da atividade demanda as
mesmas habilidades que o professor já tem para planejar suas aulas
“tradicionais” e requer, ainda, que o professor tenha uma boa idéia das
facilidades e dificuldades que enfrentará ao usar o datashow
(transporte, montagem, desmontagem, etc.), de forma que possa explorar os
pontos favoráveis e minimizar os pontos desfavoráveis.
Uso do datashow como ilha de edição
de vídeo
A TV, o videocassete (já quase
extinto) e o DVD, são recursos que muitos professores já utilizam e,
geralmente, estão associados a atividades onde os alunos trabalham com filmes,
documentários, ou trechos de vídeos com conteúdos potencialmente interessantes
para a aprendizagem de um determinado tema. Todos esses recursos podem ser
substituídos com vantagens pelo datashow, pois além
dele permitir a apresentação desses vídeos em uma tela maior do que as telas de
TV comuns, também é possível ter um controle muito maior sobre a projeção ou a
edição das imagens.
Esse controle não deriva diretamente
do datashow, mas sim do uso do computador. Com o player
do computador é possível parar o filme em qualquer momento e
destacar um trecho da imagem, saltar para qualquer outra posição, ampliar e
reduzir a imagem, etc. Além disso, com o computador e algum software
de edição de imagem ou vídeo, é possível inserir comentários, recortar
trechos, fazer montagens, modificar a trilha sonora, e até mesmo criar efeitos
especiais.
O datashow não é apenas
uma TV de tela gigante, ele é uma ferramenta que, em parceria com o computador,
torna-se uma ilha de edição de vídeo, som e imagem, permitindo assim adaptar os
vídeos apresentados em função dos objetivos próprios da atividade.
Uso do datashow como
projetor de slides
Essas apresentações são meios poderosos para
apresentar idéias de forma sintética e elegante. O uso do datashow,
e do computador acoplado a ele, permite também que apresentemos galerias de
imagens sem ter que inserir essas imagens em slides. Isso nos dá
bastante flexibilidade para navegar entre imagens e mesmo para modificá-las “just
in time” (no momento da aula). O mesmo vale para pequenos textos
(como trechos de poesia), resumos, gráficos e tabelas que temos armazenados no
computador ou que podemos baixar da internet. Substituir a apresentação de
slides pela apresentação direta desses documentos pode ser vantajoso, em alguns
casos, pela maior flexibilidade que teremos para manipulá-los. No entanto, ao
substituir a apresentação de slides pela apresentação direta de imagens e
textos, é preciso estabelecer um roteiro bem planejado de apresentação (como se
fossem slides mesmo!) e garantir que a visualização das imagens projetadas não
seja comprometida pela formatação (tamanho da letra, cores, etc.).
Uso do datashow como ferramenta
interativa
Um texto pode ser construído
colaborativamente pela classe enquanto projetado por um datashow.
Laboratórios virtuais podem mostrar o andamento de reações químicas e seus
parâmetros podem ser ajustados durante a apresentação. Simuladores, animações
em flash e softwares interativos podem ser usados de forma colaborativa pela
classe toda quando usamos um datashow. O fato do datashow
projetar na tela tudo aquilo que estiver sendo visto na tela do
computador nos permite compartilhar o computador do professor com toda a
classe. O limite para o uso desse recurso só depende do limite da nossa própria
criatividade.
Uso do datashow como internet
compartilhada
Um uso muito especial e compartilhado
do datashow ocorre quando temos acesso a internet no computador ligado ao
datashow. Esse acesso e a possibilidade de compartilhar a tela do computador
nos permitem “navegar na internet junto com a classe”. Isso é bastante útil
quando pensamos no potencial de uso das ferramentas de web disponibilizadas na
própria internet, como o Google Maps, o Youtube, os museus virtuais e a
infinidade de objetos educacionais disponíveis na rede. Muito melhor do que
criticar a falta de habilidade do aluno ao usar a internet para pesquisar, por
exemplo, é ter esse recurso em mão para mostrar aos alunos como devem pesquisar
e estudar usando os recursos da rede. Reconstruir o currículo à partir dessa
perspectiva pode tornar as aulas muito mais ricas e interessantes, além de
possibilitar aos alunos uma melhor compreensão de como a rede pode ser usada
para seus estudos.
Uso do datashow pelos alunos
Evidentemente o professor não é, e nem
pode ser, o único usuário do datashow. O aluno também é seu
usuário na medida em que o professor migrar a forma de apresentação de
trabalhos e seminários para essa ferramenta. Já foi o tempo em que os alunos
iam para a frente da sala segurar uma cartolina decorada com recortes de livros
e revistas e ficavam lendo tiras de papel com anotações sobre o assunto que
estavam apresentando. Com o uso do datashow agora os alunos podem apresentar
trabalhos na forma de apresentações multimídia (slides, filmes, músicas, etc.).
Acho que já está bastante claro, pelos
exemplos anteriores, que as possibilidades são imensas e que dependem de como o
professor planejará suas aulas, do conhecimento que ele tiver sobre os recursos
disponíveis na internet, na escola ou na igreja. Finalmente, da sua capacidade
de gerir o currículo de um ponto de vista mais autônomo, onde ele, professor,
passa a ser o ator principal no planejamento de suas aulas, ao invés de deixar
isso por conta apenas dos livros didáticos disponíveis.
Além de usar
também é preciso cuidar!
O datashow ainda é um aparelho frágil
e caro e, por isso mesmo, é preciso cuidar bem dele. Aqui vão algumas sugestões
para evitar “acidentes” com o datashow e para prolongar seu tempo de vida.
Transporte
e armazenamento: transporte
com cuidado e sempre dentro da bolsa onde ele é guardado. Evite pedir que os
alunos transportem o datashow, pois eles podem não ter lido esse artigo e podem
não saber que cuidados tomar. Guarde em lugar seco e arejado e nunca coloque
outros objetos sobre o datashow. Guarde sempre desmontado e mantenha seus cabos
(de vídeo e de energia) guardados na mesma bolsa onde guarda o aparelho, no
local apropriado dela.
Ligamento
e desligamento: Ao ligar o
aparelho pode ocorrer de demorar para começar a funcionar. Não tenha pressa e
lembre-se de que não adianta “bater nele”. Ao desligar faça-o pelo aparelho e
aguarde que ele mesmo se desligue antes de retirar o cabo de força da tomada
(os aparelhos “se resfriam” antes de se desligarem).
Manipule
com cuidado: o datashow é
frágil e tem componentes que podem se danificar devido a choques. Evite
trepidações, batidas e chacoalhões. Obviamente o datashow não
gosta de tomar banho, fica irritado com a poeira do giz e não quer ser
derrubado. Lembre-se: cuidado, frágil!
Monte
em local adequado: Ao
montá-lo sobre uma mesa ou carteira, certifique-se de ninguém vai passar por
ali e “tropeçar” na mesa ou nos cabos de energia. Muitas quebras de datashow
ocorrem por essa razão. É sempre bom explicar isso para os alunos e
“isolar” a área próxima ao local de montagem do aparelho.
Aumente
a vida útil da lâmpada: a
parte mais cara do datashow (custa quase o preço dele
próprio) é sua lâmpada. Ela tem uma vida útil limitada e um dia vai queimar-se
naturalmente, mas você pode prolongar o tempo de vida dessa lâmpada. Evite
batidas no aparelho, não deixe o datashow ligado
quando não estiver de fato utilizando e, sempre que for fazer uma pausa na
apresentação, coloque-o no modo de “tela branca” (os aparelhos têm uma opção de
“não projetar nada” para economizar o uso da lâmpada quando necessário). Além
disso, há regulagens “econômicas” no próprio aparelho.
Conclusões e
reflexões sobre o uso do datashow
O uso do datashow em
sala de aula possibilita uma abordagem inovadora do currículo, permite a
inserção de ferramentas colaborativas nas práticas pedagógicas, amplia o
universo de informações que o professor leva para a sala de aula. Além de tornar
mais simples determinadas atividades expositivas em que o professor precisa se
empenhar muito na lousa, liberta o professor da tirania do livro didático,
possibilita aos alunos aprendizagens diretamente ligadas ao mundo digital
moderno onde ele vive e torna as aulas mais interessantes, dinâmicas e ricas em
possibilidades.
Em contrapartida, o professor é muito
mais exigido no campo de suas competências como educador, precisa dedicar um
tempo extra à pesquisa de recursos na internet, tem que fazer planejamentos de
aula “de fato” (e não apenas “pro-forma”, como muitas vezes ocorre) e, claro,
tem que dispor dos recursos necessários em sua escola ou igreja. Além disso,
como o uso da tecnologia digital ainda está bastante sujeito as intempéries
diversas, é sempre preciso ter um “plano B” que permita o desenvolvimento da
aula quando o datashow não estiver disponível.
ANTONIO, José
Carlos. Uso pedagógico do Datashow, Professor
Digital, SBO, 06 abril 2011. Disponível
em: .
Acesso em: 19/05/12